Roberto Carlos iniciou temporada de quatro shows em São Paulo com apresentação neste sábado (05) no Espaço Unimed. A apresentação, às vésperas da gravação de seu tradicional especial de final de ano, reuniu grande público em pouco mais de duas horas de repertório que passou por toda a carreira do rei.
Aos 81 anos de idade, com mais de 60 deles dedicados à música, é inegável que Roberto Carlos tenha de cor e salteado a fórmula de uma boa apresentação. Não foi diferente neste final de semana na zona oeste de São Paulo.
Fizeram parte do setlist clássicos como “Como Vai Você”, “Sua Estupidez” e “Como É Grande o Meu Amor por Você”. “O Calhambeque” relembrou a Jovem Guarda e o recente sucesso “Esse Cara Sou Eu” também apareceu. Entre homenagens à mãe, à compositora Isolda Bourdot e muitas interações com o público, Roberto Carlos mostrou porque segue arrastando multidões por onde passa.
O trunfo do Rei
O maior mérito de Roberto no palco talvez seja a forma com que transita entre o formal e o informal; entre sua intocável presença “real”, como diz seu popular título de rei, e a intimidade com seu público. A meticulosidade técnica da apresentação, a disposição espacial de sua banda e forma com que os artistas se levantam e são iluminados para seus solos, e os trajes de gala no palco e também no público. Estes são alguns dos elementos que conferem aos shows de Roberto Carlos um quê de concerto sinfônico.
Porém, quando o cantor desvia do compasso da música ou da letra que está registrada nos encartes de seus mais de 40 álbuns, ele transgride essa formalidade. Todas suas falas, entre agradecimentos e brincadeiras, transformam o espectador em um amigo de fé, um irmão, camarada. A própria camisa do rei, com alguns botões abertos a mais do que manda o protocolo, também é uma ruptura que acena tanto a seu status de galã quanto aos tempos de jovem guarda. Como se Roberto já não tivesse o público em suas mãos, é com estas transições que o cantor cativa qualquer um na plateia.
Até as polêmicas após uma explosão de RC com fãs barulhentos entraram no roteiro. Logo após “Emoções” o rei já brinca para ninguém pedir rosas antes de “Jesus Cristo” para não tirar sua paciência. A famosa entrega das flores, inclusive, é um momento à parte. A digladiação dos fãs por uma rosa de Roberto é uma das experiências mais icônicas da música popular brasileira ao vivo.
Roberto Carlos Especial: a volta do público no fim de ano do rei
Uma antiga brincadeira diz que entre as poucas certezas da vida estão a morte e o especial de final de ano de Roberto Carlos. 2022 marca a volta do público à gravação da apresentação habitualmente exibida na Globo próxima ao Natal.
O especial não foi gravado em apenas duas ocasiões desde 1974 mas, em sua última iteração, ainda não contou com plateia devido às restrições impostas pela pandemia de COVID-19. Desta vez, o show contará com um público de 3 mil pessoas e terá participações de Maria Bethânia, Maiara & Maraisa, Raça Negra e Lucy Alves.
O evento está agendado para 29/11 no Rio de Janeiro. Até lá, as próximas apresentações do rei estão marcadas para esta quarta (09) e para o dia 17 deste mês, quinta-feira. Seu tradicional cruzeiro também tem data em 2023. O projeto Emoções em Alto Mar acontece de 2 a 6 de março do ano que vem.